Sozinho a desenhar


Ainda «o Pacheco»

Posted in Luiz Pacheco,Post-it por Hugo Torres em Janeiro 11, 2008

Na edição de hoje do Sexta, Cabral Nunes, o editor último da Comunidade do Pacheco, com serigrafias do Cruzeiro Seixas, volume lançado em Novembro último pela Perve, escreve assim sobre os derradeiros dias do «libertino»:

Obrigavam-no, a ele, Príncipe entre plebeus, a viver os seus últimos dias sob a ditadura da misericórdia, assim mesmo, com ‘m’ minúsculo que bem podia ser de merda de país, de gente entaramelada sabendo pouco mais que nada, de si, do mundo, julgando-se mais, até por isso mesmo, capaz da suprema desfaçatez que só a ignorância permite: a ocultação da luz interior.

um, Sexta

Posted in Luiz Pacheco,Papel por Hugo Torres em Janeiro 10, 2008

Procurei, procurei, uma manhã inteira nisso, a procurar, na Baixa do Porto, livraria sim, alfarrabista sim, e encontrei um único – UM ÚNICO! – exemplar de Luiz Pacheco: Pacheco versus Cesariny (ed. Estampa, 1974). Fui em reportagem, a ver. Dois dias depois, já cidadão igual aos outros, não resisti. Fui lá e comprei-o. Na Poetria, ao pé do Teatro Carlos Alberto.

O resto conta-se amanhã, no Sexta, onde volto a partilhar páginas impressas com este camarada, com carinho e muito gosto.

«Acima de tudo, a liberdade»

Posted in Luiz Pacheco,Papel por Hugo Torres em Janeiro 6, 2008

Somos tanto o retrato das pessoas por quem nos apaixonamos que, quando essas morrem, nos levam o estômago para a cova.

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Luiz Pacheco (1925-2008)

os dias, as noites e os sonhos entre eles

Posted in Luiz Pacheco,Post-it por Hugo Torres em Agosto 21, 2007

luiz_pacheco.jpgDepois de visto o excelente documentário sobre Luiz Pacheco (realizado por António José de Almeida, com o subtítulo Mais um dia de noite) que a RTP2 transmitiu ontem, vim à biblioteca – lugar calmo de onde escrevo – procurar os volumes que me foram apresentadas como obras-primas da literatura mundial do século XX. Luiz Pacheco: só soava o nome; não sabia mais, confesso. Descobri entretanto vários elementos da história pessoal e das ideias deste escritor nascido em 1925 – ainda vivo.

Pois bem, biblioteca, dizia. Peguei em dois dos livros disponíveis. Logo a abrir o primeiro – o conto de Natal Os Doutores, a Salvação e o Menino Jesus, com a chancela da Oficina do Livro, em 2002 – arremeça o Pacheco sobre a minha geração (a propósito do que se vai seguir no escrito):

«Alguns leitores mais novos nem o conseguirão entender e receio muito que, sem as esperanças e os mitos que douraram a nossa infância, não tenham coisa melhor de que se abonem, a não ser as cabeças vazias, muita gana e, principalmente, o serem novos, que é a mais bonita maneira que se conhece de não se ter razão, a não ser essa.»